António Santos (Staticman) lamenta fim do Festival Estátuas Vivas de Tomar

O homem-estátua mais antigo de Portugal, detentor do recorde mundial de imobilidade, e o principal rosto dos artistas participantes no Festival de Estátuas Vivas de Tomar é António Santos, conhecido por Staticman.
A propósito do fim do festival em Tomar, António Santos diz, num depoimento que solicitámos, que é com “tristeza” que vê “um evento de tal grandeza provada, ter abruptamente acabado”.
Aqui fica o depoimento de António Santos:
“Na minha qualidade de director e produtor artístico dos artistas, estátuas vivas, participantes no festival de estátuas vivas de Tomar, venho com este depoimento dar conta da minha tristeza por um evento de tal grandeza provada, ter abruptamente acabado.
Como nas quatro edições anteriores, fui convidado pelo Coordenador e mentor do festival, Professor Eduardo Mendes, a começar a organizar a parte de contactos e produção das estátuas vivas a estar presente este ano. Foi-me dito que este ano o festival teria uma entrada paga simbólica, para compensar a falta de apoio externo e foram-me mostrados os locais das apresentações. Entretanto, já em fase de confirmações e compromissos finais, esses nunca mais chegavam e foi então que o Professor Eduardo me comunicou que a Câmara este ano não apoiava o festival.
Li depois em várias publicações que dificuldades financeiras deixam Tomar sem Festival Estátuas Vivas, onde se apontava o numero de 85 mil euros como o custo do festival, aqui tenho que afirmar que para a parte exclusiva das estátuas vivas nunca foi ultrapassado sequer metade desse valor, é claro que o festival tinha outros gastos, mas esses não eram da minha conta.
Também na minha qualidade de estátua viva, artista, divulgador e promotor desta nova arte já há 27 anos, quero aqui deixar expresso o meu pesar pelo pouco ou nulo valor que se continua a dar às artes em Portugal e por se mandarem abaixo projectos que provaram ter valor. Enfim, como há uns tempos ouvi da ministra da Cultura da Alta Áustria, ''a cultura pode por vezes ficar cara a um qualquer governo, mas a incultura ficará sempre muito mais cara''. Em Portugal este tipo de pensamento ainda não foi assimilado.
Tomar teve nestes últimos 4 anos um festival de nível internacional e de elevada participação popular e mesmo assim deixou que este morresse!
Por último, quero agradecer publicamente o convite que os Professores, Eduardo Mendes e João Paulo me fizeram e agradecer ainda a todos os artistas envolvidos, que tão humildemente compreenderam que a desmarcação que lhes pedi não foi falta minha.”
António Santos